O I-CHING

O I Ching, Livro das Mutações, é uma das bases do pensamento chinês. Em chinês, o termo "I" significa "mutação, não-mutação" ou ainda "fácil e simples". Já o "Ching" significa "clássico" ou "poço". Poderíamos então utilizar a definição encontrada no Hexagrama 48 (Ching, "o poço") -"Um poço em cujo interior há uma fonte que verte a água da vida é, sem dúvida, um bom poço." [...] "O importante é que se beba de sua fonte, e que suas palavras sejam aplicadas à vida."

De origem imemorial – A sua autoria é atribuída a Fu Hsi, uma figura lendária que representa a era da caça e da pesca, devendo-se a ele também o hábito de se cozer os alimentos. O facto de ser ele indicado como o inventor dos signos lineares do I-Ching significa que lhes é atribuída uma tal antiguidade que antecede à memória histórica.

Segundo a tradição, depois de Fu Hsi, a actual compilação dos 64 hexagramas do I-Ching foi executada na dinastia do Rei Wen. Diz-se que ele acrescentou breves julgamentos aos hexagramas. O seu filho, o Duque de Chou, teria redigido os textos relativos às linhas em mutação. E finalmente, Confúcio e seus seguidores teriam acrescentado os "comentários sobre a decisão".

O seu conhecimento era transmitido de geração em geração, oralmente, através de versos rimados para facilitar a memorização. O sábio Confúcio (500 aC) já se referia a ele como sendo um livro milenar. Alguns arriscam afirmar que ele teria hoje cerca de 5 mil anos. Mas, independente da sua idade cronológica, o que impressiona é a actualidade da sua sabedoria.

Apesar de se ter popularizado entre nós como oráculo, ele é muito mais do que apenas isto, é, principalmente, um guia para a vida, onde através da meditação sobre as suas recomendações encontraremos a acção correcta, no momento adequado".

Assim, das quatro principais correntes filosóficas do pensamento chinês, compostas pelo Confuncionismo, o Taoísmo, o Budismo e a Religiosidade Popular (um sincretismo das três anteriores, no seu sentido mais exotérico), o I-Ching inspirou claramente pelo menos duas delas: o Confucionismo e o Taoísmo.

A partir da observação das grandes leis da natureza, presentes tanto no céu como na terra, o Livro das Mutações aponta caminhos para o homem, adaptando ao seu quotidiano estas mesmas leis imutáveis através de 64 hexagramas.

A actual versão do Livro das Mutações, lançada no ocidente (Alemanha) em 1956 foi traduzida a partir do chinês pelo sinólogo Richard Wilhelm, buscando manter – na medida do possível - o texto original.

Assim, mais do que simples frases e citações, as ideias que extraímos do I-Ching são um convite à reflexão e meditação sobre os mais variados temas do nosso quotidiano. Então, melhor do que falar sobre o I Ching, é permitir que cada um "beba de sua sabedoria", através das suas próprias palavras.

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